O Escotismo em tempos de www

Bianca Zanella Ribeiro*

Redes sociais virtuais, MSN, blogs, fotolog... Baden Powell nem poderia sonhar com a existência de Orkut, Twitter e Facebook quando concebeu o método "aprender fazendo" há mais de cem anos na Inglaterra. Entretanto, o Movimento Escoteiro, como o próprio nome diz, é um movimento. E não teria sobrevivido se não tivesse se aberto à realidade dos novos tempos, pois fechado de nada serviria aos jovens desses anos dois mil.

Os escoteiros mais conservadores, das antigas, talvez ainda digam que "no meu tempo de escoteiro não era assim...". Mas, convenhamos, por mais que as atividades mateiras tenham seu valor, nos dias de hoje mais útil que saber manejar um facão corretamente é saber não se perder da trilha em meio a um mundo onde o fluxo das comunicações torna as relações interpessoais cada vez mais complexas.

Montar a barraca para o lado certo, ter habilidade para fazer nós e conhecer a utilidade de cada um, fazer comida no campo e improvisar esquetes ao pé do Fogo de Conselho são coisas que fazem parte da essência do Escotismo e de forma alguma perderam seu valor. São ensinamentos sempre úteis que, como há cem anos, dão ao jovem de qualquer tempo conhecimentos gerais e mostram a importância de se ter disciplina, organização, raciocínio lógico, destreza física; desenvolvem valores, o caráter, o lado espiritual e emocional, e principalmente a capacidade de trabalhar em equipe.

Tudo isso, entretanto, transcorre hoje em um contexto onde o mundo reinventou a comunicação e a forma de viver. O Escotismo, é claro, não passou imune a essas transformações e é por isso que continua jovem e atrativo para os jovens das novas gerações mesmo cem anos depois de sua fundação, e isso sem perder seus valores elementares. Para continuar preparando os jovens para a vida, precisou conhecer essa nova forma de viver, e se adaptar aos mecanismos do mundo após a revolução das comunicações.

Buscando as tecnologias como aliadas, e não como ameaças, o Movimento Escoteiro se aproxima de seus integrantes e das formas como eles se relacionam. Ao invés de rejeita-las, de afasta-las, procura a forma mais saudável de conviver com a internet e tudo o que já surgiu e vier a surgir depois dela.

Por isso, caros escoteiros e demais integrantes da 'Família Buriti', fiquei feliz em saber que o grupo agora terá esta nova sede virtual de encontros, assim como a comunidade do grupo no Orkut, que será reativada. Há tempos eu a havia criado mas, por conta do meu afastamento acabou um tanto quanto abandonada. Que ela sirva como uma labareda acesa do Fogo de Conselho neste mundo www, um ponto de encontro para integrantes e ex-integrantes que já usaram o lenço grená e amarelo nesses anos e certamente hão de ter boas memórias e histórias para compartilhar.

E que o blog, com toda a versatilidade que esta ferramenta oferece, sirva para o dia-a-dia como mural de avisos (que no passado, e não faz tanto tempo, eram feitos de isopor forrados com feltro nas cores das patrulhas e pendurados nas paredes da sede da tropa). Além disso, o blog também será um registro cotidiano da história desse grupo - pioneiro no Sul do Maranhão e referência regional - sempre renovada e preservada, para que seja longa e promissora!

Apesar de desgarrada, depois de tanto tempo longe, fico feliz de ter sido honrada com este convite, de inaugurar as postagens neste blog. O pedido, pensar no que escreveria, trouxe à tona boas lembranças que para sempre estarão comigo, fazendo parte de quem eu sou, o melhor que posso ser.

Passo agora a palavra a quem será a porta-voz oficial do grupo por aqui, minha irmã e chefe Bibiana, com meu saudoso e fraterno Sempre Alerta!

Boas atividades!

Bianca Zanella Ribeiro é escoteira desde 1994, participou da fundação do G.E. Buriti e neste grupo recebeu o distintivo Lis de Ouro; é webjornalista, editora de sites e trabalha com comunicação nas redes sociais virtuais. Morou cinco anos em Balsas/MA e atualmente vive no Rio Grande do Sul. No Twitter: @BiancaZanella. E-mail: b.zanella@gmail.com